Capítulo seis - Quase virei o almoço de um troll fedorento





Mesmo relutante Maia acabou aceitando o meu plano. Ela estava posicionada em cima de uma árvore, esperando a sua parte no meu grande plano.
Me aproximei dos trolls correndo e gritando — Fujam! Fujam! Os deuses estão furiosos!
Foi então que Maia entrou em ação, com alguns materiais químicos que roubamos do deposito do Jardim e um pouco de fogo, ela fez algumas bombinhas caseiras, nada destrutivas, porém muito barulhentas.
Buuuuuum! — Fez a primeira bomba aos pés dos trolls.
Com o susto ambos começaram a gritar e andar em volta, pedindo misericórdias aos deuses. Meu plano estava dando certo. Enquanto Maia continuava a arremessar suas bombas improvisadas, eu corri até o bebê dragão e o desamarrei. Realmente ele era muito dócil, parecia um filhote de cachorro, mas me lambia com uma língua de um metro de comprimento.
— Venha amiguinho, vamos sair logo daqui. — Falei amarrando a corda em torno de seu pescoço, e o puxando como se estivesse levando um animal domestico para passear.
Até então, tudo estava ocorrendo conforme o planejado, os trolls corriam de um lado para o outro, tentando escapar da fúria dos deuses. Quando eles percebessem a verdade, estaríamos longe com o pequeno dragão.
Mas como eu sou um cara de muita sorte, as coisas não ocorreram exatamente desta forma. O dragão estava muito agitado com toda essa confusão, eu não estava conseguindo segura-lo, em um único momento de descuido, ele se soltou e... — droga, porque isso tem que acontecer comigo?! — a corda se prendeu em meu pé, e fui arrastado Jardim adentro.
Aaaaaaaaaah... — gritava, enquanto era arrastado.
Isso acabou totalmente com a distração das bombas, os trolls logo perceberam que seu almoço havia fugido e estava arrastando um garoto pelo chão. Um deles correu e agarrou o dragão, pegou a corda e me levantou até a altura de seus olhos.
— Quem é você?! — Perguntou o troll com uma voz rouca e um bafo que me quase me fez vomitar.
Argh! — Que cheiro é esse? Você comeu algum animal morto? — Perguntei tampando o nariz.
Ele continuou me analisando, e ao me mostrar para seu companheiro, perguntou — será que podemos comer esse aqui também?
— É meio magro, a carne parece ruim, e ele não parece estar muito saudável. — Respondeu o outro troll.
— O que?! Você não tem espelho em casa não? — Falei me retorcendo e sacudindo na corda.
Nesse instante, uma flecha cruzou sobre mim, partiu a corda me derrubando e soltando o dragão, que saiu voando Jardim afora.
Aaarhgg! — Foi o som que emiti ao cair esparramado no chão.
Levantando, percebi que Maia estava logo a frente, corri cambaleante até ela — você estava tentando me salvar ou me matar?! — Perguntei levando a mão as costas.
— Foi mal, ABAIXE-SE!
Mais uma vez ela salvou minha vida. Me empurrando para o chão no momento em que a lâmina de um dos trolls passava sobre minha cabeça. Rolamos para escapar do segundo ataque do monstro, dessa vez com uma marreta gigante.
— Vamos mata-los irmão — disse o troll que acabou de atacar —, eles nos fizeram perder nossa caça, agora serão nosso almoço! — Concluiu o monstro passando uma língua assustadora sobre os lábios.
— Você está certo irmão, — aproximou-se o outro troll — mesmo que a carne deles não seja boa, precisamos nos alimentar — disse o monstro com uma expressão de loucura no rosto.
— Parece que seu plano não deu muito certo, não é senhor teimoso? — Disse Maia enquanto recuávamos conforme os monstros se aproximavam.
— Que isso engraçadinha? O dragão está livre, não está?
Antes que Maia pudesse responder, ou talvez até me bater, os trolls avançaram contra nós com suas armas enormes em mãos.
Buuum! — foi o barulho seco de duas marretas de aproximadamente uns cinquenta quilos cada uma acertando o chão onde nós estávamos. Momentos antes de sermos esmagados, pulamos para o lado.
Maia começou a disparar uma saraivada de flechas contra um dos trolls, que se defendia com a espada que carregava na outra mão, evitando qualquer ferimento grave.
Eu investi contra o segundo troll, desarmado, não sabia ao certo se a espada voltaria para a minha mão nesse momento. Mas uma onda de coragem (ou burrice) invadiu o meu corpo e me lancei em meio à batalha. Saltei sobre o monstro e com todas as minhas forças pedi aos deuses caçadores que me concedessem novamente a Espada do Oeste. Mais rápido que um relâmpago ela surgiu em minhas mãos, no momento exato em que acertaria o troll. Mas ele esquivou-se para o lado, impedindo que minha espada o partisse ao meio.
Maia estava ocupada com o outro troll, o barulho da marreta do monstro batendo no chão era ensurdecedor.
Bum! Bum! Bum! — Maia continuava a escapar das marretadas incessantes do monstro que estava faminto.
Com a espada em mãos eu me sentia mais seguro e confiante, talvez fosse o poder dos deuses caçadores fluindo através da arma. Parti para cima do troll fedorento, tentando um corte diagonal na altura de seu peito, mas o monstro se lançou para trás, escapando por pouco novamente, e contra tacando instantaneamente. Precisei me jogar para o lado para evitar a grande marreta que vinha em minha direção.
Os trolls nos cercaram, fomos recuando até ficarmos ombro a ombro, virados para direções opostas.
— Tudo bem?! — Perguntou Maia.
— Mas é claro, por que não estaria? Apenas mais um dia agradável, quase sendo morto por um monstro assassino. — Respondi ironizando.
Os trolls atacaram ao mesmo tempo, nos abaixamos e rolamos por de baixo das pernas dos monstros. Ao passar, enterrei minha espada na parte inferior da perna do troll, fazendo jorrar um liquido azulado do ferimento. O monstro urrou de dor e raiva, girando sua marreta em um raio de trezentos e sessenta graus, me atirei ao chão e a marreta passou diretamente sobre mim, acertando em cheio o outro troll que se encontrava logo atrás, o desintegrando em uma nuvem de fumaça.
— Essa não! Irmão! — Gritou o troll —, vocês vão pagar por isso! Irei devora-los! — E mancando, avançou contra mim, com sua marreta no alto tentou mais um golpe mortal. Dessa vez quase me acertou, a raiva o estava impulsionando. Precisávamos acabar logo com isso, antes que ele acabasse.
Me afastei alguns metros, o monstro continuava mancando, por esse motivo estava demorando para chegar até mim, mas se aproximava bufando de raiva.
— Você já pensou em se tornar vegetariano? — perguntei ao troll — uma alimentação saudável e balanceada, pode lhe ajudar a combater esse mal humor — falei me esquivando de outro ataque de fúria do monstro, mas dessa vez ele acertou minha espada que voou das minhas mãos.
Recuei alguns metros novamente — Okay, vou lhe dar só mais uma chance para se render. Largue as armas, prometa que vai frequentar aulas de controle contra a raiva e que vai escovar os dentes todos os dias. — Falei gesticulando com as mãos.
Gruuuhhnr — Você fala demais para quem está desarmado — disse o troll —, o que você pode fazer?!
— Eu falo demais?! Ah, assim você me ofende. — falei debochando do monstro. — E bem, eu não posso fazes nada... Mas ela pode — falei apontando para Maia que estava atrás do monstro, segurando a espada do outro troll que foi destruído a pouco. No momento em que ele se virou, Maia desferiu um golpe em arco com a espada, diretamente sobre o troll, o transformando em uma nuvem de fumaça preta, igualmente ao seu irmão anteriormente.
— Eu avisei nervosinho — disse eu com um sorriso nos lábios.


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