Antes que eu pudesse me dar conta do que estava acontecendo, a mesa onde estávamos virou e fomos arremessados para longe.
Maia caiu em posição de ataque, com seu arco em mãos, preparada para a batalha.
Eu... Bem, eu caí de cara no chão... De novo.
— Hahahahaha — ouvi uma risada assustadora vindo de onde estávamos sentados — é nesse idiota que você deposita sua fé garota?! — Disse a voz sombria.
Ergui a cabeça e olhei
diretamente para o monstro. Era enorme, deveria ter uns três metros de
altura, seu rosto era deformado e feio. Tinha dentes pontiagudos, e
olhos pequenos, seu corpo era coberto por marcas que pareciam tatuagens.
E ele carregava sobre o ombro um bastão de baseball proporcional ao seu
tamanho, com pregos na ponta.
Levantei, sacudi a poeira e falei apontando para o monstro:
— Você chegou atrasado feioso, o jogo dos Yankees acabou a algumas horas. — Nunca fui fã de baseball, mas conheço o maior time de Nova York.
— Você se acha muito engraçado garoto? Seu sarcasmo acaba aqui, junto com sua vida! — Gritou o monstro.
Maia se posicionou em minha frente. — Como se eu fosse permitir isso seu ogro estúpido — disse ela chamando a atenção para si.
— Hahahahaha — Gargalhou o ogro novamente — e o que você pretende fazer garota arqueira? Suas flechas não podem me ferir.
Antes de a criatura terminar de falar, Maia começou a disparar contra ele. Porém, não obteve sucesso em nenhum dos seus tiros.
— Você ainda não entendeu?! - Berrou o ogro. — É inútil! Vou matá-la primeiro garota, você parece ter pressa para morrer.
Ele baixou o bastão de
baseball e posicionou-se para atacar. Eu não podia deixa-lo fazer isso.
Pensei, bom talvez não tenha pensado direito. — Hey! — chamei —
cara, já é o segundo ataque hoje, será que vocês monstros não tem mais o
que fazer além de sair por aí atacando os outros? Já pensou em procurar
um emprego? Fiquei sabendo que na Monstros S.A. estão precisando de ogros grandes e feios para assustar criancinhas. — Disse eu forçando uma cara de assustado.
O ogro se distraiu por
alguns segundos enquanto ouvia as besteiras que eu falava. Mas foi tempo
suficiente para Maia correr em sua direção e o chutar ao lado do
joelho.
— Aaaahhrg! — Gritou o monstro, caindo de joelhos no chão. — Vocês vão pagar por isso!
Levantando, ele correu na direção de Maia, felizmente ela era mais rápida e desviou do ataque do ogro com facilidade.
— Maldita barata, eu vou esmagá-la! — Exclamou o ogro furioso.
Maia continuava a desviar dos ataques do monstro, e sempre que ele deixava uma brecha, ela o acertava com suas flechas.
Mas, por sua respiração
ofegante e o suor em seu rosto, era possível ver que ela estava ficando
cansada. E ao que parecia, seus ataques não estavam surtindo efeito
algum sobre o ogro.
Maia era uma exímia
guerreira, ela se esquivava das investidas do monstro e revidava com uma
perfeição incrível. Mas por um momento ela vacilou, e o ogro aproveitou
esse momento para golpeá-la com seu bastão de baseball gigante.
— Aaahr — gritou Maia.
— Não! — Exclamei.
— É inevitável — disse o monstro — vocês vão morrer!
Maia não conseguia se
levantar, parecia estar sentindo muita dor, estava indefesa, e o monstro
caminhava em sua direção lentamente.
Eu precisava fazer algo,
não poderia deixar esse monstro idiota mata-la. Ela veio até aqui por
acreditar em mim, morreria por essa crença.
Pus-me em sua frente, estava pronto para protegê-la com a minha vida, porém, ainda não sabia como.
— Você quer morrer junto com sua amiga rapaz?! Muito nobre de sua parte — falou o ogro erguendo seu bastão.
Nesse momento algo
aconteceu, alguma coisa dentro de mim despertou. Um relâmpago rasgou os
céus e acertou o chão com um estrondo ensurdecedor, fazendo com que o
monstro recuasse.
Senti uma grande força me preencher, algo se materializou em minha mão direita. Era uma espada, uma espada grande e prateada.
Sem pensar, ou tentar
entender o que tinha acabado de acontecer, eu avancei contra o ogro que
ainda estava meio atordoado. Ainda assim ele conseguiu impedir o golpe
com seu bastão.
— Seu moleque insolente! E daí que seu poder despertou?! Vou matá-lo assim mesmo! — Gritou o ogro com muita raiva.
Dessa vez eu me sentia diferente, algo me dizia que eu poderia vencê-lo.
— Quero ver você tentar seu feioso! — Falei com confiança.
Ele ergueu seu bastão e
investiu contra mim. Talvez tenha sido por instinto, mas consegui
desviar da maioria dos seus golpes, e outros pude defender com minha
nova arma.
— Maldito, morra logo! — Gritava o ogro furioso.
Ele parecia estar ficando cego de raiva. — Eu poderia usar isso a meu favor. — Pensei.
— E você se diz um ogro?! Aposto que até o Shrek é mais esperto que você. — Falei em tom de deboche, provocando o monstro.
— Aaaagrrr... Você vai morrer Oliver Turner! — Berrou o ogro correndo em minha direção furioso.
Furioso, porém
desatento. Com toda sua raiva tentou me acertar com seu bastão, tornando
assim mais fácil a minha fuga. Ele acertou o chão, deixando sua arma
presa. Em um movimento involuntário saltei pisando no bastão para tomar
impulso, e com minha espada cortei o ogro ao meio.
— Aaarghhhh — Gritou o monstro se desfazendo em uma nuvem de fumaça preta.
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